Archive for December 2010

WikiLeaks – Até que ponto você é a favor?

Julian Assange

Ah, esse dilema sobre ser a favor ou contra o caso WikiLeaks está deixando muita gente dividida. E novamente a democracia e o poder da internet voltam ao foco de todos. Até onde é um direito seu saber o que realmente ocorre com decisões e planos dos governos mais poderosos do mundo (que, por consequência e globalização, são todos os países), e que com certeza reações diretas ou indiretas recaem sobre você?

 

Até onde é outro direito seu de saber que o laboratório responsável pelos comprimidos que você toma paga rios de dinheiro aos governantes africanos para que eles se calem perante os testes de drogas para adultos em crianças-cobaias (hoje todas mortas, pois não aguentaram as reações químicas em seus corpos, ou então ficaram cegas e surdas)? E do outro lado, até que ponto informações militares e executivas podem ser roubadas e publicadas na internet? Algumas informações levadas a público não poderiam colocar a população de vários países em risco, até mesmo por terrorismo?

O bode expiatório da vez é o australiano Julian Assange, editor do WikiLeaks, prometendo deflagrar governos (principalmente o americano) e grandes corporações, que foi abandonado por seus sócios após notarem que o WikiLeaks não estava mais cumprindo seu papel original. Andou para lá e para cá, escondido, utilizando apenas dinheiro vivo e trocando de celular praticamente todos os dias.

Julian estava primeiramente foragido devido a acusações de agressão sexual na Suécia (embora ele negue, dizendo que foram casos consensuais). Quando ele resolveu se entregar à Scotland Yard (Inglaterra), o tribunal inglês negou fiança, o que foi o gatilho para ataques de hackers aos sites das empresas que antes apoiavam o WikiLeaks e que “tiraram o corpo fora” após o início dos escândalos, como Visa.com, Mastercard, PayPal, Amazon, todos voltando ao normal em poucas horas. Mesmo na prisão, sua equipe divulgará documentos importantes e confidenciais aos jornais The Guardian, Le Monde, Der Spiegel e El País, caso o tribunal teime em não liberar fiança a partir do dia 14/12.

Pense e reflita: até onde vai seu direito como cidadão do mundo de saber o que está ocorrendo? E até onde sua privacidade é levada em consideração? Você acha que teríamos um WikiLeaks offline hoje, se não houvesse a internet? Teríamos outra direção para o conceito de democracia e privacidade?

Lembre-se: você é apenas o paciente

Patientslikeme

A primeira vez que ouvi falar no patientslikeme.com foi na InterCon 2009, e nesta última INFO, saiu também sobre o mesmo na coluna de Don Tapscott.

Na verdade, quando você tem um assunto extremamente delicado como “saúde”, ainda mais em compartilhamento de informações por redes sociais na Internet, qualquer um talvez faça aquela pergunta: “O paciente poderia fazer seu próprio diagnóstico e decidir quais os passos a seguir, sem o auxílio de médicos?”. Não.

Obviamente, ainda precisamos destes profissionais que estão vivendo o dia-a-dia em pesquisas específicas, casos clínicos que mal chegarão ao conhecimento de outras pessoas leigas, aliados ao seu próprio conhecimento como profissionais de saúde.

Eu acredito muito que você pode consultar, pesquisar, gerar leves hipóteses para conversar e esclarecê-las com seu médico de confiança, mas nada que você deva fazer sua automedicação por informações de pessoas não-especializadas, dentro ou fora da Internet.

Há um outro ponto em relação a assuntos delicados em redes sociais. Em algumas apresentações que fiz, onde também comentei rapidamente sobre a função do patientslikeme.com como uma “rede social” específica, eu exibia meu ponto de vista em relação ao que poderia ocorrer com a mesma se ela fosse popularizada e a maioria de seus usuários fossem brasileiros. Talvez funcionasse por um tempo, não sei, mas eu também acho que uma possível “orkutização” não estaria tão longe para uma rede séria como esta. Você nunca sabe quando os miguxos começam querer invadir seu território. Talvez, nem só estes casos, mas também a preocupação com interesses comerciais de pequenos e médios laboratórios se envolvendo de formas estratégicas para “fisgar” um público.

De qualquer forma, qualquer tipo de informação que envolva “saúde” e que seja levado para as redes sociais na Internet, precisa ser verídica e confirmada pelas pessoas que a divulgam. A rede só vai permitir a difusão da mesma, e o cuidado e consequências a partir disso, são das próprias pessoas que lidarão com tal informação.